Resenha: Selva Brasil, de Roberto de Sousa Causo (por Álvaro Domingues)

selva_brasil_capaSinopse:  Numa realidade alternativa, no ano de 1993, um grupo de soldados brasileiros na selva amazônica enfrenta não só os guerrilheiros do outro lado. Jânio Quadros havia invadido as Guianas nos anos 60 e entrou numa guerra de desgaste. A luta perdera o sentido.

Roberto Causo brinca com a história alternativa, pinçando um evento dentro de uma luta imaginária, mas plausível. O megalomaníaco Jânio Quadros decide invadir as Guianas e acaba mudando todo o perfil geopolítico da América Latina.

O autor mostra esta realidade a partir do depoimento de um personagem que tem o mesmo nome, como se fosse seu espelho. De uma forma inteligente sente-se na história que o Causo alternativo tenta dialogar com o Causo desta realidade, especulando sobre a vida de seu “duplo”.

Quem conhece o Causo dificilmente o imaginaria segurando uma arma e atirando em alguém. Mas será que, se estes “fatos” realmente se configurassem, a história não seria outra? Do mesmo modo, o Brasil, tradicionalmente não belicoso, entraria numa guerra de desgaste contra seus vizinhos?

E o principal questionamento do livro: onde está a maior violência? Numa guerra na selva ou o dia a dia violento que vivemos? Realmente soa irônico quando o duplo do Causo diz invejar o mundo “pacífico” de nossa realidade.

A narração centra-se em alguém que está no meio do conflito e tem uma visão fragmentária do que está acontecendo, em vez de se optar por um narrador onisciente que poderia nos mostrar todo o contexto histórico e político.  Isso dá uma dimensão mais humana ao relato, pois sentimos um pouco da realidade vivida pelo personagem narrador.

Todavia sentimos que história poderia ser ampliada e abarcar todo o contexto alternativo. Isso talvez ainda possa ser feito, se Causo optar por criar mais contos, noveletas ou romances no mesmo universo, aprofundando-se nesta outra realidade.

Um livro para nos fazer pensar.

Selva Brasil

Autor: Roberto de Sousa (ou seria Souza?) Causo

Editora: Draco

Ano: 2010

112 páginas

(resenha originalmente publicada em 31/05/2011 em http://blogdopainerd.blogspot.com)

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