Artigo: Elementar, meu caro Sir Arthur C. Doyle (por Sidney Silva)

No próximo dia 22 de maio de 2020, completou 161 anos o conhecido escritor, porém nem tanto, Arthur Ignatius Conan Doyle, criador do mundialmente mais famoso Sherlock Holmes. Escocês de origem irlandesa, médico, Sir Arthur Conan Doyle escreveu 60 histórias sobre o personagem, sinônimo de detetive e literatura policial. A fama de Holmes era tanta, que o personagem praticamente eclipsou o autor, que sempre se ressentiu de que ele ‘roubava’ sua possibilidade de escrever ‘literatura séria’. Mas Sherlock Holmes é um caso muito sério na literatura e até além dela, invadindo outras mídias com sua influência.

Embora a obra de Doyle também incluísse histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção – é evidente como tudo ficou em segundo plano diante do detetive morador do mítico endereço de 221 B Baker Street – que realmente existe, até hoje. Muita gente, inclusive, acreditava que Sherlock Holmes era real, e cartas pediam sua ajuda, através do autor. Até a famosa polícia britânica, a Scotland Yard (nome do bairro em que se localizava), buscou sua assessoria em alguns casos.

Após passar por muitos problemas como médico da Marinha, Sir Arthur publicou Um Estudo em Vermelho, em 1887, a primeira história em que conhecemos Sherlock Holmes e seu diligente parceiro e amigo, Dr. Watson, muitas vezes ‘narrador’ das aventuras do detetive. Ao longo da vida, o autor escreveu 56 pequenas histórias e quatro romances com Sherlock Holmes.

Após anos de sucesso com as aventuras do detetive, em 1893, Doyle decidiu “matar” Holmes, pois o detetive “ocupava sua mente” com suas intricadas histórias. O resultado disso foi The Final Problem, em que Sherlock se joga, junto ao seu arquiinimigo Moriarty, do alto de uma catarata. A reação do público foi tão negativa que Conan Doyle foi obrigado($) a “ressuscitar” o personagem.

Holmes era parcialmente baseado em seu professor da época na universidade, Joseph Bell, com um raro talento investigativo e de dedução. As demais histórias de Sherlock Holmes foram publicadas na revista inglesa Strand Magazine.

Mas o homem que criou alguém tão difícil de enganar e com enorme poder de dedução como Holmes, na verdade parecia-se mais com seu crédulo companheiro, o dr. Watson, não por acaso narrador fictício e vivenciador das aventuras. Atingido pela morte do filho, Doyle voltou-se ao espiritismo, tornando-se presa fácil de todo tipo de credulidade: dos poderes sobrenaturais do mágico Houdini (apesar de negados pelo próprio prestidigitador) a até… fadas e duendes. Em 1917, duas meninas pegaram emprestada a câmera fotográfica do pai e produziram as primeiras de uma sequência de fotos que mostravam “fadas” e “gnomos” brincando no jardim. Na verdade, eram recortes de livros de fantasia presos por alfinetes na vegetação. Em 1920, as fotos chegaram ao conhecimento de Sir Arthur Conan Doyle — que após o morticínio da I Guerra Mundial, passara a ser um ardente defensor do sobrenatural. Sir Arthur escreveu artigo e livro a respeito, atestando a autenticidade das imagens, apesar da confissão posterior de uma das meninas, daquilo que era uma brincadeira que foi longe demais.

Apesar dessa sua faceta pouco conhecida, Sir Arthur Conan Doyle foi o criador do mais instigante personagem da literatura policial mundial que mais vezes foi levado ao cinema. Sua encarnação mais recente e famosa foi na pele do Robert Downey Jr, também conhecido como Homem de Ferro.

“Elementar, meu caro Watson”. Frase, aliás, criada no teatro e que popularizada pelo cinema, jamais foi escrita pelo escritor de Sherlock Holmes.

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