Artigo: Namor – As Profundezas Uma história de Terror com o Príncipe Submarino (Por Fernando Fontana)

“Namor – As Profundezas” é uma história em quadrinhos, mas, certamente não é uma história de heróis, e sim, de terror, flertando com temas típicos do gênero, como o medo do desconhecido e a lenta perda da sanidade, no melhor estilo lovecraftiano.

Um submarino mergulhado nas claustrofóbicas profundezas do oceano, qual local seria mais apropriado para uma narrativa como esta?

O Dr. Stein é um cientista e um cético, sua “fé” na capacidade que a ciência tem de explicar tudo que a cerca é inquestionável e irredutível; ele é convocado para chefiar uma expedição que deve encontrar um colega seu, que junto com toda a tripulação de seu submarino, desapareceu enquanto buscavam a cidade perdida de Atlântida.

Stein não acredita na cidade de Atlântida, tão pouco em seu terrível protetor, Namor, o Príncipe Submarino, e ele pretende provar que ambos não passam de um mito. Já os membros de sua expedição, a tripulação do submarino Platão, discordam, eles têm certeza de que Namor é real, e que pode matar a todos, caso seja provocado.

Não é por acaso que o nome do submarino é o mesmo do filósofo Platão, criador do mito da caverna, onde homens acreditam que as sombras são a realidade, pois se amparam unicamente na informação obtida através de seus sentidos.

Há coisas que os sentidos humanos não são capazes de compreender.

“O perigo vem aqui de dentro. As profundezas fazem coisas estranhas com a cabeça de um homem. Quanto mais fundo se vai, mais criaturas se insinuam na escuridão”.

Namor quase não é visto ou ouvido, mas está lá, é presença constante, um vulto que se move na escuridão, um sussurro, homem com asas nos pés, que vive em águas tão profundas que esmagariam um submarino como se fosse uma lata de cerveja, capaz de rasgar um homem ao meio com as próprias mãos, e você está em seus domínios, e não pediu autorização.

“Eu julgava ser um homem racional, um homem da ciência, mas talvez minha racionalidade seja como a calma e bela superfície deste oceano que oculta estas vastas profundidas de trevas”
Como nas boas histórias de terror, Namor não é a única ameaça. Aterrorizada e cercada pela escuridão, a tripulação torna-se um perigo para ela mesma.

O que fazer quando seus olhos lhe mostram algo que contraria tudo aquilo em que você acreditava e que sua frágil razão é incapaz de suportar?

A arte do croata Esad Ribic é uma pintura, sombria, passa a sensação de coisa antiga e cumpre a função de manter o clima da história.

Se um dia me pedirem para indicar uma história do Namor (sabe-se lá Deus porque alguém faria isso), certamente será esta, onde ele pouco aparece, mas mesmo assim, é temido.

Fernando Rodriguez Fontana é adulto e escritor amador. Colunista do www.canalmetalinguagem.com.br e autor dos livros “Deus, o Diabo e os Super-heróis no País da Corrupção” e “Procura-se Elvis Vivo ou Morto”, além da Graphic Novel “O Triste Destino da Namorada do Ultra-Homem”. Para maiores informações acesse: https://www.fernandofontanaescritor.com/

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