Psicose, Ano 60 (por Sid Castro)

Para quem só ouviu falar de Norman Bates na recente série Bates Motel, seria bom aproveitar a quarentena e recente entrada na Netflix do filme que lhe deu origem: o clássico absoluto do suspense, Psicose, do maior mestre do gênero em todos os tempos Alfred Hitchcock (Os Pássaros, Um Corpo Que Cai, Janela Indiscreta, Festim Diabólico, Intriga Internacional e tantos outros). Psicose completa 60 anos dia 16 de junho de 2020.

Psicose se tornou o filme mais influente do diretor, uma obra prima do cinema de suspense e criador de técnicas de roteiro e efeitos imitados ao longo dos tempos. Ele começa com uma “pegadinha” de Hitchcock, quando somos apresentados à protagonista, a secretária Marion Crane (Janet Leigh) e lhe dá um destino inesperado antes do tempo: ela, que tentara se apropriar do dinheiro da empresa em que trabalhava em Phoenix, Arizona, termina sem destino pelas estradas e vai parar no Bates Motel, uma mansão decadente e quase falida. O lugar sinistro é administrado por um simpático, porém estranho e tímido rapaz, Norman Bates (Anthony Perkins, no papel mais importante de sua carreira). Não demora muito e temos uma das mais magistrais cenas de assassinato do cinema, que acontece num chuveiro ligado. As tomadas em que a vítima é esfaqueada parecem terríveis – mas vistas take a take, não mostram praticamente nada – a montagem, os cortes rápidos, a câmera em posições inusitadas, o sangue escorrendo no ralo e, principalmente a assustadora, estridente e genial trilha de Bernard Herrman tornam a cena impactante. Sem falar na assustadora fotografia em preto e branco de John L. Russell. Duramente filmada ao longo de três dias, a cena tem mais de 50 cortes e usa sangue de chocolate – Hitchcock não queria um vermelho sanguíneo chocante que competisse com a ação da cena.

Preocupada com o desaparecimento da irmã, Lila Crane (Vera Miles), segue sua pista com o namorado dela, Sam Loomis (John Gavin) e o detetive Arbogast (Martin Balsam). Mais uma vez, Hitchcock engana o público e apresenta outras sequências clássicas de assassinatos, como a cena em que a mãe de Norman usa novamente a faca nas escadarias do motel. Outra cena que entrou para o Olimpo das imagens antológicas: Lila descobre a mãe de Norman num quarto escuro, e ao tentar falar com ela, leva um susto, empurrando uma pequena lâmpada que provoca uma sequência de imagens tão horripilantes quanto a estética perfeita.

Continuando, com spoilers: Lila e Sam procuram o xerife da região, Al Chambers (John McIntire), e descobrem incrédulos que a mãe de Norman morreu há mais de uma década. Somente quando voltam ao motel descobrem o fio genial da meada de Psicose: Norman Bates havia assassinado a mãe, mas a manteve viva em sua mente doentia, roubando seu cadáver e assumindo sua personalidade igualmente maníaca.

Psicose foi baseado num livro de Robert Bloch, que se inspirou na vida do serial killer Ed Gain. Com orçamento baixo e apesar de preto e branco, Hitchcock lançou seu maior sucesso de bilheteria. O filme teve sequências: Psicose II, em 1983, novamente com Perkyns e Vera Miles, mas sem o diretor, que morreu três anos antes. Outras continuações viriam com Psicose III, em 1986 e a derradeira, Psicose IV: A Revelação, de 1990. Mas a série, bem inferior, terminou com a morte de Perkyns dois anos depois. Entretanto, um reboot foi realizado em 1998, na verdade uma refilmagem colorida do filme de 1960 dirigida por Gus Van Sant, uma cópia tão desnecessária que encerrou a vida da franquia no cinema. A série Bates Motel tem cinco temporadas na TV.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para o topo