Resenha: Na Fronteira de Dois Mundos – Breve Análise da Série Away, 2020 (por João Gomes Moreira)

Ficha Técnica:
Título original: Away
Roteiro: Andrew Hinderaker, Jéssica Goldberg e Jason Katims.
Direção: Edward Zwick, Bronwen Hughes, David Boyd, Charlotte Brändström, Jet Wilkinson.
Duração: 1 temporada. 10 episódios (cerca de 50 minutos cada).
Gênero: Drama, ficção-científica, romance
Classificação: 14 anos.

Em um futuro próximo uma nave tripulada por astronautas-cientistas de elite dos Estados Unidos, Rússia, China, Índia e Reino Unido é enviada a Marte em missão de três anos. Longe de casa e das pessoas que amam, suas relações interpessoais na Terra e no espaço são colocadas à prova. Enquanto tentam sobreviver, continuam em busca do objetivo mais importante da humanidade: a exploração do espaço. E tudo sob os olhos atentos de toda a humanidade.

O lançamento da série dentro desta fase de pandemia é oportuno, pois em certa medida, boa parte das nações estão em confinamento, isolamento ou ainda sob restrições nunca imagináveis no passado; e as sensações que passam entre nossos corpos e mentes podem encontrar paralelo e identificação com as oscilações de humor e sensações dos protagonistas da narrativa. Além disso, escrevo da fronteira de dois mundos: o Brasil da TV, das indústrias e centros econômicos do sudeste/sul e a Amazônia ocidental onde resido e trabalho (desde 1993 por opção). A fumaça sobe e ocupa os céus por algumas semanas e o que se vê são paisagens dignas de uma distopia do mestre inglês Ridley Leighton Scott (vide Alien, (1979); Balde Runner, (1982) The Martian, (2015)). Mas isto é uma digressão.

No mundo atual os tabloides ocasionalmente emitem notas sobre os avanços das agências espaciais e de seus projetos de viagens pelo cosmo. Até empresas de iniciativa privada criadas por multimilionários (SpaceX, Blue Origin, Virgin Galactic, Planetary Resources, etc.) têm desenvolvido projetos semelhantes. A série tem como proposta descrever uma viagem em tempo bem próximo da atualidade. No transcurso dos capítulos, nada sobre sociedade, saúde ou política nos dão pistas da época em que ocorre.

O site History (pertence à família A+E Networks América Latina) aponta que existem estudos na NASA que em 10 anos será possível fazer uma viagem para Marte de ida e volta. “No momento, a nave Red Dragon (SpaceX) está voltada para missões não tripuladas na atmosfera marciana, mas devido a sua técnica de descida, também poderia estabelecer as bases para as futuras missões tripuladas ao planeta Vermelho. A nave Red Dragon vem realizando viagens à Estação Espacial Internacional, transportando cargas diversas. Segundo o contrato entre a NASA e a empresa fabricante, 12 viagens deverão ocorrer nos próximos anos.” (history.uol.com.br/noticias/nasa-afirma-que-em-10-anos-ja-seremos-capazes-de-ir-e-voltar-de-marte). Ainda dão conta de que a pesquisa de viabilidade em que os cientistas e engenheiros trabalham há alguns anos, tem o objetivo de aperfeiçoar o processo de entrada na atmosfera marciana, descer e aterrissar, sem infringir as leis da física.

O roteiro foca-se no período entre lançamento da nave, a viagem e o pouso no solo marciano. Away é uma obra sobre amor, sacrifício e esperança. O elenco conta com Hilary Swank, duas vezes vencedora do Oscar.

A proposta é apresentar os dramas humanos pelos astronautas e colaboradores, suas experiências de vida, problemas, tormentos, alegrias e superações. A opção foi seguir uma diretriz para além do tema Sci-Fi. Embora ambientada na proposta da exploração espacial (e parcialmente) a ciência, política e trabalho envolvido. A sensação que tive nos três primeiros episódios foi de estar diante de um novelão mexicano. (tive vontade de deixar tudo e tentar outra) Entretanto, por algum motivo obscuro permaneci fiel à maratona assentado confortavelmente em minha ponte de comando. Aos poucos fui me familiarizando com os tripulantes, que em linhas gerais estavam no ‘modelito politicamente correto’ e estereotipados (afro (UK), russo, chinesa, norte-americana, indiano). A honra, moral, esperança e espiritualidade estavam subjacentes aos pensamentos e ações da trama. No caso da espiritualidade e esperança fiquei até surpreso do tratamento (e espaço dentro dos episódios) dado pelos roteiristas. “À medida que a viagem se intensifica para os tripulantes, as dinâmicas pessoais e os efeitos de estarem afastados da Terra e dos seus vão-se tornando cada vez mais complexos. Away mostra que, por vezes, se queremos alcançar as estrelas, temos de deixar a nossa casa para trás” (cf. Sinopse Netflix falauniversidades.com.br/away-a-nova-serie-de-drama-familiar-e-ficcao-cientifica-da-netflix/.). Entre a montanha-russa de emoções, erros e acertos de astronautas e cientistas a viagem seguiu (s/ spoiler). Tem diálogos concisos, boa estatística e fotografia. De acordo com Marco Victor a série Away conta com 71% de aprovação no site Rotten Tomatoes (cf. www.jornadageek.com.br/colunas/away-conheca-a-serie-da-netflix/).

As considerações da roteirista Jéssica Goldberg tinha a ver com o momento da propagação da pandemia (fev/2020) quando finalmente foi conclusa e lançada a primeira temporada da série e vale transcrevê-la nesta oportunidade: “Eu acho que esse momento é tão doloroso. Somos um mundo quebrado e a maioria dos astronautas dizem que tiveram uma experiência no espaço na qual confessam que olharam para a Terra e de repente as linhas desaparecem e as divisões entre os países sumiram e, de repente, é apenas para uma bola azul que eles estão olhando. Acho que é um conceito tão emocionante neste momento, essa ideia de: e se pudéssemos ficar mais unidos? E se pudéssemos trabalhar juntos? E se por um momento tivéssemos humildade sobre a Terra e este planeta que todos nós compartilhamos? Isso soa grandioso, mas sinto que há uma parte central desse sonho nesta série.”(cf. www.band.uol.com.br/entretenimento/16310521/foi-bizarro-assistir-com-o-mundo-mudando-assim-diz-roteirista-da-serie-away). Em conclusão devo dizer que a perspectiva proposta pela roteirista foi bem descrita na primeira temporada com um final amarrado e muito bom.

Nota: Há um esquema muito interessante sobre viagem a marte disponível em:
www.estadao.com.br/infograficos/ciencia,nasa-planeja-enviar-humanos-para-marte-na-proxima-decada,1106712

3 pensou em “Resenha: Na Fronteira de Dois Mundos – Breve Análise da Série Away, 2020 (por João Gomes Moreira)

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  2. Não conhecia ainda este Clube de Leitores de Ficção Científica, gostei de primeira postagem que eu li, está matéria sobre a série Away. Espero encontrar também dicas de ebooks para comprar.
    Parabéns pelo site!

    Alexandre .

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